Quais são os objetivos do projeto OpenZika e como esses objetivos serão atingidos?

O principal objetivo do projeto OpenZika é identificar substâncias promissoras candidatas a um medicamento para tratar a infecção do vírus Zika. Para ajudar cientistas a atingirem esse objetivo, voluntários do World Community Grid estão doando sua capacidade computacional não utilizada para conduzir experimentos virtuais, chamados de “ancoragem ou docking molecular”. Com base nos resultados desses cálculos, os pesquisadores poderão prever quais substâncias têm mais probabilidade de apresentar resultados promissores como potenciais fármacos em testes in vitro de laboratório.

Como os dados gerados neste projeto podem ser úteis para pesquisadores do Zika?

Computadores e dispositivos Android de voluntários do World Community Grid realizarão triagens virtuais de substâncias químicas que podem ser eficazes contra o vírus da Zika. Essas triagens virtuais gerarão dados sobre a potencial eficácia dos compostos que poderiam ser usados como medicamentos antivirais. Uma vez que as triagens virtuais estejam completas, elas serão disponibilizadas na web e pesquisadores poderão usar os dados para testar os compostos promissores em laboratório.

De acordo com a política do World Community Grid, os pesquisadores tornarão seus dados disponíveis ao público, assim permitindo que outros cientistas apliquem seus próprios métodos e abordagens para continuar o estudo de compostos promissores. O componente de dados abertos deste projeto (e de todos os outros projetos do World Community Grid) significa que a probabilidade de encontrar tratamentos medicamentosos eficazes para o Zika pode ser maior do que se os pesquisadores trabalhassem isolados.

O que é o Zika?

O virus Zika (ZIKV) é um flavivírus (uma família de vírus transmitidos por mosquitos ou carrapatos), que é semelhante aos vírus da dengue, da febre amarela e do Nilo Ocidental. Descobriu-se que o vírus é transmitido pela picada de fêmeas dos mosquitos Aedes infectados. Além disso, também é possível a transmissão de mãe para feto, através de transfusões de sangue, por meio de urina, saliva e de relações sexuais.

O Zika normalmente provoca somente sintomas relativamente leves, como febre, dores nas juntas, erupções cutâneas, conjuntivite (olhos vermelhos), dor de cabeça e/ou inchaço nos nódulos linfáticos. No entanto, recentemente o vírus Zika foi associado com doenças neurológicas graves, como a síndrome de Guillain-Barré, em adultos e crianças. Além disso, cientistas descobriram a ligação de casos de microcefalia (sub-desenvolvimento cerebral) em fetos e recém-nascidos de mães que foram infectadas com o vírus Zika durante a gravidez.

Por que o Zika é um problema global de saúde?

O virus Zika é um problema de saúde global porque ele se dissemina rapidamente e tem relação com várias doenças neurológicas (em adultos e crianças), como a microcefalia, síndrome de Guillain-Barré, mielite aguda, e meningoencefalite. Ainda que o vírus Zika tenha sido identificado no final de 1940, a conexão com problemas neurológicos variados é relativamente nova, porque este vírus está se espalhando rapidamente para populações que não têm imunidade a ele.

Em fevereiro de 2016, a Diretora Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o acúmulo de casos de microcefalia e outros transtornos neurológicos relatados no Brasil constitui uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional.

Atualmente não existem medicamentos antivirais eficazes para tratar o vírus Zika, e nenhuma vacina para prevenir a infecção. Portanto, a doença pode continuar a se espalhar rapidamente se não for combatida.

Quais áreas geográficas e populações são as mais afetadas pelo Zika?

Desde que foi identificado pela primeira vez na floresta de Zika na Uganda, África, o vírus se espalhou pela Ásia, pelo Pacífico, e mais recentemente pelas Américas. Graves preocupações sobre o vírus surgiram a partir de 2015, devido ao rápido aumento de infecções nas Américas coincidindo com um aumento nos casos de microcefalia e outros transtornos neurológicos.

Entre 2007 e abril de 2016, 62 países relataram casos do vírus Zika. A maioria desses casos ocorreu nas Américas (Central, Norte e Sul), Oceania, Ilhas do Pacífico e África. Quaisquer áreas com populações ativas do mosquito Aedes – particularmente regiões tropicais e subtropicais – estão vulneráveis à introdução e disseminação do vírus Zika. Estimativas recentes de um grupo internacional de pesquisadores sugerem que mais de dois bilhões de pessoas poderiam estar em risco.

Quais são os impactos do Zika na comunidade geral e na saúde pública?

Sem uma vacina ou um tratamento antiviral eficaz, o vírus Zika continuará a se espalhar rapidamente. E até que cientistas tenham mais informações sobre a relação entre o Zika e as complicações neurológicas, será difícil saber o impacto do vírus na saúde pública.

Apenas no Brasil, o vírus Zika já afetou milhões de pessoas. Isso provocou quedas de produtividade e uma necessidade ainda maior por cuidados de saúde (especialmente para pacientes com complicações e para recém-nascidos com microcefalia).

Adicionalmente, as pessoas têm uma tendência de viajar menos para países com altas taxas de infecção pelo vírus Zika, o que provoca impactos na economia local. Surtos de Zika poderiam aumentar a pressão sobre sistemas de saúde e desestabilizar governos.

Que medidas estão sendo tomadas em países onde o Zika se espalhou ou poderia se espalhar? O que as pessoas podem fazer para se proteger do vírus Zika?

Como não há tratamento e nem vacina para o Zika, esforços de prevenção e contenção se concentram principalmente em controlar a população de mosquitos. No entanto, muitos mosquitos já se tornaram resistentes aos inseticidas e os mosquitos infectados pelo vírus Zika tendem a se esconder dentro de casas, o que torna sua erradicação difícil.

Alguns países com grandes populações de mosquitos Aedes aconselharam mulheres a evitar a gravidez até que o surto de Zika diminua.

Indivíduos que queiram minimizar/evitar o risco de as picadas de mosquito, podem: usar camisas de manga comprida e calças longas, ficar em locais com ar condicionado e usar telas nas portas/janelas para manter os mosquitos do lado de fora.

Você deve consultar as diretrizes do governo em seu país para as recomendações mais recentes. 

zikainfosocialmedia

Como posso ajudar a combater o Zika?

Você pode ajudar a deter esse vírus ao se juntar ao World Community Grid e contribuir com o projeto OpenZika. Quando você se cadastra, você doa a capacidade computacional não utilizada de seu computador ou dispositivo Android para rodar os experimentos virtuais que ajudam pesquisadores a identificar candidatos promissores a fármacos antivirais para combater o Zika. 

Que tipo de mosquito transmite o Zika?

Sabe-se que o mosquito Aedes aegypti transmite o vírus Zika, e pesquisadores acreditam que o mosquito Aedes albopictus também pode transmitir o vírus.

O que é microcefalia? Como ela está ligada ao vírus Zika?

Microcefalia é uma doença em que o cérebro do bebê não se desenvolve adequadamente no útero, e isso frequentemente leva a uma redução no tamanho do cérebro da criança, que terá capacidades cognitivas prejudicadas, problemas de controle motor, convulsões e sintomas relacionados. A doença foi observada em alguns recém-nascidos cujas mães foram infectadas com o vírus Zika durante a gravidez. Em abril de 2016, a relação  entre o vírus Zika e a microcefalia foi confirmada pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos.

MicrocephalyA baby with microcephaly (left) compared to a baby with a typical head size (right)

http://www.who.int/mediacentre/factsheets/microcephaly/en/

Quais são outras possíveis complicações que podem estar ligadas ao vírus Zika?

Além da microcefalia, outras doenças  tem possível associação com o vírus Zika:

  • Síndrome de Guillain–Barré, que provoca fraqueza muscular súbita e até mesmo paralisia em adultos.
  • Mielite, que é uma infecção da medula espinhal.
  • Meningoencefalite, uma inflamação do cérebro e dos tecidos que o envolvem, normalmente provocada por infecção.

Esses distúrbios neurológicos já provocaram grandes preocupações e fizeram com que a Organização Mundial da Saúde formasse o Comitê Emergencial do Zika para abordar o problema.

Por que mulheres grávidas devem se preocupar?

Mulheres grávidas que contraem o vírus Zika podem transmitir o vírus para o feto. Além disso, recém-nascidos de mulheres infectadas com o Zika durante a gravidez têm um risco acima do normal de apresentar microcefalia, que é uma condição em que o cérebro não se desenvolve adequadamente no útero. Devido a esse risco, alguns países estão aconselhando mulheres a postergar a gravidez até que o surto de Zika tenha terminado.

O que é um flavivírus?

O gênero flavivirus inclui os vírus da Zika, dengue, febre amarela, Nilo Ocidental e outros. São vírus transmitidos a seres humanos pela picada de um mosquito ou carrapato. O vírus Zika é transmitido principalmente por dois tipos de mosquitos: o mosquito da febre amarela e da dengue (Aedes aegypti) e o mosquito tigre asiático (Aedes albopictus).

Trabalhos com doenças relacionadas podem ajudar a combater o Zika?

Os vírus de parentesco próximo podem nos dar pistas que poderiam ajudar pesquisadores a enfrentar o Zika. Esse é um dos motivos de o OpenZika incluir “templates” de estruturas tridimensionais das proteínas-alvo de outros vírus relacionados em seus experimentos de triagem virtual contra os modelos do Zika. No entanto, ainda que o Zika possa se parecer com a dengue, mudanças sutis na superfície do vírus e nas enzimas virais podem impactar a maneira como antivirais ou até mesmo vacinas podem funcionar. O mecanismo para esses vírus entrarem nas células e seus efeitos podem variar bastante. Os principais resultados computacionais do OpenZika serão, portanto, testados em experimentos de laboratório com o vírus Zika, para verificar quais compostos químicos podem ajudar no combate este vírus. 

Qual é a história do vírus Zika?

A descrição original do vírus foi publicada em 1952, ainda que ele tenha sido originalmente isolado em 1947, em Uganda, na África. Ele foi subsequentemente isolado a partir de mosquitos em 1948 e de humanos em 1952. O Zika é um vírus reemergente, transmitido por mosquitos, e que era relativamente desconhecido até 2007, quando provocou uma grande pandemia na ilha Yap, na Micronésia, seguido por surtos na Oceania e Polinésia Francesa em 2013-2014. Após sua chegada ao Brasil, em 2015, o vírus se espalhou rapidamente pelas Américas.

http://www.who.int/emergencies/zika-virus/history/en/

Quais são os sintomas da infecção pelo vírus Zika?

Os sintomas geralmente são amenos, incluindo febre, dores nas juntas, erupções cutâneas, conjuntivite (olhos vermelhos), dores de cabeça, e/ou inchaço nos nódulos linfáticos.

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Como é feito o diagnostico do Zika?

O vírus Zika pode ser diagnosticado com testes usando o soro sanguíneo durante a primeira semana após o surgimento dos sintomas. Testes adicionais com anticorpos podem ser realizados para confirmar o diagnóstico inicial.

Como o Zika é transmitido?

Cientistas confirmaram várias formas de transmissão, incluindo:

  • Picada de mosquitos infectados
  • Transfusão de sangue
  • Transmissão sexual
  • Transmissão de mãe para feto

Existem outros tratamentos para o vírus Zika?

Atualmente não existem tratamentos para o vírus Zika, e não existe vacina para a sua prevenção. Como os sintomas da doença normalmente são amenos, não houveram muitas pesquisas na área até o surto mais recente começar nas Américas. Assim, cientistas estão apenas começando a compreender a estrutura molecular dos componentes virais e todas as implicações da doença.

Existe vacina para o Zika?

Como o vírus Zika normalmente só apresenta sintomas amenos, e como ele não era comum até recentemente, haviam poucas pesquisas sobre uma vacina até o início do surto no Brasil, em 2015. Atualmente, existem vários grupos pesquisando vacinas na Índia, no Brasil e nos Estados Unidos mas, até maio de 2016, nenhuma vacina ainda foi aprovada.

Qual é a diferença entre uma vacina e um medicamento antiviral?

Uma vacina é administrada antes de a pessoa ser infectada pelo vírus. A vacinação geralmente consiste de uma ou várias doses que estimulam o sistema imunológico da pessoa a se proteger contra exposições subsequentes ao vírus.

Medicamentos antivirais são usados quando um paciente já está infectado com o vírus. Eles geralmente funcionam ao bloquear a atividade das proteínas que o vírus usa para se replicar ou infectar outras células. Esses medicamentos devem ser tomados várias vezes pelo paciente infectado, até que o vírus morra ou seja eliminado pelo sistema inume do paciente.

Existem outros trabalhos de pesquisa para combater o Zika?

Existem outros trabalhos para combater o Zika em todo o mundo, a maioria envolvendo pesquisas sobre a estrutura do próprio vírus (ou de seus componentes individuais) e trabalhos que buscam potenciais vacinas, baseadas em vírus similares ao Zika. Organizações como a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e os Centros para Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estão bastante envolvidos em divulgar e apoiar esses trabalhos, e em encorajar pesquisadores a compartilhar seus dados. O financiamento limitado dificulta muitos trabalhos de pesquisa.

Como este projeto é diferente de outros trabalhos de pesquisa sobre o vírus Zika?

O projeto OpenZika está procurando possíveis medicamentos antivirais para combater o vírus Zika, enquanto muitos outros projetos estão procurando uma vacina ou estão estudando a estrutura do próprio vírus ou as implicações da doença no ser humano.

As estruturas atômicas exatas da maioria das proteínas que têm um papel no ciclo de vida do Zika ainda precisam ser determinadas (por experimentos de cristalografia por raios-X ou ressonância magnética nuclear). Até lá, cientistas usarão estruturas aproximadas derivadas de um processo chamado de modelagem por homologia. Isso envolve o uso de informações genéticas das proteínas do Zika e a busca por proteínas-alvo bastante semelhantes de outros organismos, como do vírus da dengue, para o qual algumas das estruturas proteicas já são conhecidas em nível atômico. Essas estruturas conhecidas (chamadas de “templates”) são então usadas como base para desenvolver os modelos tridimensionais dos alvos de proteínas do Zika.

Conforme cientistas vão desvendando mais sobre a estrutura do vírus Zika, nós e eles seremos capazes de nos concentramos nas proteínas-alvo que são mais cruciais para encontrar medicamentos antivirais.

Que trabalhos existem para controlar os mosquitos que transmitem o vírus Zika?

Países da América do Sul e da América Central lançaram planos para conter e eliminar mosquitos por meio do uso disseminado de inseticidas, armadilhas de mosquitos, redes protetoras em camas, portas e janelas, e outras medidas de controle. Nos Estados Unidos, medidas semelhantes estão sendo planejadas sob a direção dos Centros para Controle de Doenças (CDC). Essas medidas são úteis, mas podem ser limitadas pelo fato de mosquitos Aedes terem a tendência de se esconderem dentro das casas. Eles geralmente se alimentam durante o dia, e a maioria dos mosquitos está se tornando cada vez mais resistente a muitos inseticidas.